sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Retrato Sobre A Cômoda

Ah! Esses quadros de antanho
Quase tão horríveis como a palavra antanho...
Não de um horrível ridículo mas de um horrível triste,
Porque se pode ver entre o vidro e o retrato
Uma folha outrora verde, uns cabelos que já foram vivos
E agora para sempre imóveis na moldura negra
E, na fotografia, alguém está sorrindo eternamente
Quando um sorriso, para ser sorriso, devia ser efêmero...
Lá fora é uma tarde fin de siècle, uma tarde outoniça que parece
Tirada da gaveta desta cômoda.

... e, nas cartas antigas, também o amor amarelece.

Quintana

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