sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

" A música é uma das experiências humanas mais assombrosas e inesquecíveis..."

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"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e a alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e a outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde

"Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que o meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”.

[Roland Barthes]

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O medo nos impede de viver a vida que nascemos para viver.



'Vagueio a noite toda na minha visão,
Inclino-me de olhos abertos sobre os olhos fechados dos que dormem,
Vaquando e confuso, perdido para mim mesmo, mal-ajambrado, contraditório,
Hesitando, olhando inclinando-me, e parando.'

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


O meu eu atual, assim como o eu de tempos atrás, esquiva-se de comparações e brada a todos os presentes, mesmo sem o uso de palavras, que evoluiu, que cresceu, que amadureceu. Uma meia-dúzia de alterações superficiais e essa fina e delicada carcaça de adulto que me reveste não são o bastante para que eu me prive de ser quem eu realmente sou. Eu sou aquela por detrás da carcaça. É fina, é leve, mas é pesada o suficiente para que às vezes eu me veja na obrigação de deixá-la de lado para respirar um pouco de ar puro. E há 8, 9, 15 anos atrás, tudo era exatamente igual. Mudou apenas o cenário, a circunstância e a intensidade com que eu sinto isso. Hoje sou capaz de sentir mais, e não sei até que ponto isso pode ser bom, ou até mesmo, saudável. Eu pensava sobre as mesmas coisas, da mesma forma, com o mesmo negativismo perene que sempre andou de mãos dadas com minha esfuziante que distrai a maioria. Tudo mudou sem nada mudar. Muito mudei sem nada mudar. E isso nunca foi tão óbvio como agora. É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só da pra admirá-la. Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. "Eu tô bem", dizemos. "Tá tudo bem." Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ela nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto minha vida é convincente. Tropeçamos uns nos outros, à procura de sentir alguma coisa. Iludimo-nos momentaneamente. Fingimos ser felizes. Depois, o vazio. Em raras ocasiões, algo nos modifica as sensações e sentimo-las a quererem saltar do coração pela boca, num desespero de se libertarem. Mas não permitimos. Temos demasiado medo do que sentimos. É assustador darmo-nos a alguém que nos deseja pelo que realmente somos. É legítimo, parece-me. É que magoa tanto quando deixamos os sentimentos libertarem-se e nos apaixonamos sem medos. Pior ainda. É escandalosa a dor que se apodera da nossa alma quando corremos esse risco e depois quem foge não somos nós. Será que o mundo será sempre feito destas fugas? Quantos de nós continuam a preferir sentir a dor do que sentir o vazio? Não sei quais são os mais loucos. Nem me interessa. Tenho saudades. E dor. Muita dor.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Velhas Virgens - O Amor é outra coisa

O amor não é uma coisa que te tira do chão e te transporta para lugares que você nunca esteve, o nome disso é avião. Amor não é aquela coisa que tira a sua respiração e sua fala e te deixa totalmente sem ar, o nome disso é asma. O amor não é uma coisa que te ilumina no escuro, te leva até as estrelas, te traz de volta e desaparece sem deixar vestígios, o nome disso é abdução. O amor não é uma coisa que te pega de surpresa, te transforma em refém e toma de assalto tudo o que você tem, o nome disso é ladrão. O amor é outra coisa, amor é outra coisa. O amor não é uma coisa te embrulha o estômago e deixa marcas por onde passa, o nome disso é diarréia. Amor não é uma coisa que você guarda lá dentro e não deixa ninguém tocar e nem ver, o nome disso: vibrador. Amor não é uma coisa que chega sorrateiro e pula o muro quando o dia amanhece: o nome disso é gato. O amor não é algo que foi perdido e quando é reencontrado pode mudar tudo a sua frente, o nome disso: controle remoto. Amor é outra coisa, amor é outra coisa. Amor não é paixão, paixão não é felicidade, felicidade não é grana, grana não é fama, fama não é alegria, alegria não é amizade, amizade não é amor, porque amor é outra coisa.

domingo, 16 de janeiro de 2011

deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim.

(Tati Bernardi)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os sonhos parecem mais perturbadores cada vez que sonho.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Não sinto mais. Hoje em dia estou me sentindo como pele morta. Tocam, furam, provocam… E eu não os sinto. Indiferença. É difícil responder aos estímulos se você não tem mais um foco, se você não espera mais nada da vida. Mas algo me diz pra eu não desistir. Algo me grita que ainda há esperanças pra tudo, principalmente pra felicidade.
Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções . Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros (…)

(Caio F.)

No dia em que pararmos de olhar, morremos.



Para Sempre e Só (Terra do Nunca)

O que eu posso fazer?
Irei passar por isso?
Agora que eu preciso tentar deixar tudo para trás
Você vê o que você tem feito para mim?
Tão difícil justificar
Passando lentamente por isso
Para sempre e só
Eu vou sentir sua falta
No entanto, eu te beijei
Mais uma vez
Muito abaixo na terra do nunca
Então eu estava tentando
Amanhã eu continuarei chorando
Como você pode esconder suas mentiras
Suas mentiras
Aqui estou
Vendo você novamente
Minha mente está tão longe
Meu coração está tão perto para ficar
Orgulhoso para lutar
Eu estou andando para trás esta noite
Será que nunca vou encontrar alguém para acreditar?
Para sempre e só
Eu vou sentir sua falta
No entanto, eu te beijei
Mais uma vez
Muito abaixo na terra do nunca
Então eu estava tentando
Amanhã eu continuarei chorando
Como você pode esconder suas mentiras
Suas mentiras
Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.
E me deixando solta, mas me prendendo tanto.

Que pra me ganhar, é só olhar no meu olhar…
Ter certeza de tudo na vida, é muito chato. O motivo da nossa felicidade é ter dúvidas. Dúvidas sobre qual caminho seguir, sobre se deve ou não confiar naquela pessoa, sobre os medos que tem, sobre todos os sentimentos que fazem o seu coração acelerar. Dúvidas até mesmo sobre as dúvidas, nas quais você fica irritado de tê-las. Só que ter dúvidas, significa que você se importa com tais coisas. Quer dizer que em algum momento você parou pra pensar sobre determinada incerteza. E isso é bom. Aventurar-se com pensamentos e guerrear com a mente, pra aí sim, descobrir se é de verdade tudo aquilo que sente, quer, vê, ouve, pensa… E vários outros verbos.
Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas, num trecho ou outro da estrada, eu já senti tanta dor que parecia que os golpes haviam me quebrado toda por dentro. Não sabia se era possível juntar os pedaços, por onde começar, nem se o cansaço me permitiria movimentos na direção de qualquer tentativa. Quando o susto é grande e dói assim, a gente precisa de algum tempo para recuperar o fôlego outra vez. Para voltar a caminhar sem contrair tanto os ombros e a vida. Um espaço para a gente quase se reinventar.
Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha e chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma tpm horrível. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir… Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome. Meu coração é minha razão. Essa é a lógica que inventei pra mim.
O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, ir a um local onde possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser. (…) Enquanto isso existir - e deve existir para sempre - sei que haverá consolo para toda tristeza, independentemente das circunstâncias.

O diário de Anne Frank
Eu sou apenas alguém, ou até mesmo ninguém. Talvez alguém invisível, que a admira a distância sem a menor esperança de um dia tornar-me visível. E você? Você é o motivo do meu amanhecer, e a minha angústia ao anoitecer. Você é o brinquedo caro e eu a criança pobre, o menino solitário que quer ter o que não pode.
Dono de um amor sublime mas culpado por querê-te como quem a olha na vitrine, mas jamais poderá tê-la.
(Legião Urbana - Amor Platônico)
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse pra baixo, de inicio minha razão chamou essa atitude de egoísmo, hoje sei que se chama amor próprio. (Charles Chaplin)
- E você, por que desvia o olhar?


Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedras. Encontraram flores. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.
Talvez eu prefira sentir o frio do meu próprio corpo e da minha alma, a ter que testar temperaturas inconstantes de gente que não sabe o que quer.
As vezes meu coração sai escrevendo sem permissão.
Se ainda está na sua mente, ainda está no seu coração.
Tudo acontece, no momento certo, não espere que aconteça, não torça para que aconteça, só faça valer a pena quando acontecer.
Deixe a vontade tomar conta de nós...
Você não me entenderia...

Até a luz do sol se apagar. Enquanto houver ar pra respirar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

“Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou por demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
e cada instante de amor.”
O vento sopra lá fora.
Faz-me mais sozinho, e agora
Porque não choro, ele chora.

É um som abstracto e fundo.
Vem do fim vago do mundo.
Seu sentido é ser profundo.

Diz-me que nada há em tudo.
Que a virtude não é escudo
E que o melhor é ser mudo.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Contra o calar não há castigo nem resposta-Cervantes.