quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nenê Altro.


Eu sou um estilete sem cabo.
Quer pegar, pega.
Só que não entro nem saio da vida de ninguém sem deixar marcas.
Marcas boas ou ruins.
Mas marcas.
(...)
Lâmina cada dia mais afiada.
Quer segurança?
Vai brincar com cotonete.
Eu não nasci pra isso.
Eu curto pulso, sangue, intensidade.
(...)
Marcas de uma época.
Lembranças de quem sou.
Do que sou.
Do que nasci pra ser.
E foda-se.
(...)

Nunca tive vocação para boa menina politicamente correta.
Nunca consegui escapar de estar envolvida em todo tipo de problema possível.
Nunca consegui ter uma vida calma e sempre fiz merda.
E, na real, demorou até pra entender que eu gosto de fazer merda.
Porque, se você pensar direito, se todo mundo fizesse tudo certinho, nunca nada ia ter mudado na vida de ninguém.
Admirável Mundo Novo.
E, de boa, eu já me decepcionei o suficiente com as pessoas pra me importar com o que elas pensam ou não sobre o que sobra de minha vida.
Já fui utópica e idealista o suficiente pra abastecer quarenta anos adiante.
Agora me reservo o direito à descrença.
É estranho pensar assim.
Muita coisa perdeu o sentido pra mim.
E essa perda não foi nada suave.
Enfim...
A gente cresce com a idéia de que tem que acreditar em alguma coisa, mas não imagina que a maior certeza de nossas vidas é que essa coisa, qualquer que seja ela, vai ser arrancada da gente sem piedade.
E é assim que a gente se torna adulto.
Perdendo os sonhos.
E só o que resta pra gente, nesse sentido, é o intervalo.
Fora isso, seguir em frente causando o maior estrago possível.
(...)

Não agarro desejos com dedos, mas com dentes.
Não faço meus dias segredos, mas transparentes.
Passividade é doença.
Conseqüência é muralha.
Utopia é placebo.
(...)
E dane-se seu exército de palavras miseráveis.
Porque bem sei, tuas garras são de seda.
E saibas tu, tua sombra não me assusta.
Porque a lua... a lua é minha.

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