sábado, 5 de março de 2011

"Considera a Kannon de Mil Braços, que tem mil braços saindo de um só corpo. Se a mente se fixar no braço que segura um arco, os demais 999 serão perfeitamente inúteis? É porque a mente não se detém num determinado lugar que todos os braços são úteis.

Quanto a Kannon, por que ela tem mil braços ligados a um só corpo? Essa figura foi criada com a intenção de revelar aos homens que, mesmo que um corpo tenha mil braços, cada um deles será útil se a sua sabedoria imóvel for libertada.

Supões que tu te depares com uma árvore. Se olhares para uma única folha vermelha, não verás nenhuma das outras. Quando o olho não se volta para nenhuma folha em particular e tu olhas a árvore com a mente absolutamente vazia, o olho é capaz de captar um número ilimitado de folhas. Mas quando uma única folha prende o olhar, é como se as demais folhas não estivessem lá.

Aquele que compreendeu isso é idêntico à Kannon de mil braços e olhos.

O homem comum crê, muito simplesmente, que ela é abençoada por ter mil braços e mil olhos. O homem de sabedoria imatura, perguntando-se como alguém pode ter mil olhos, afirma ser ela uma mentira e cede à blasfêmia. Mas o homem dotado de alguma compreensão tem uma crença reverente baseada nos princípios e não precisa nem da fé simples do homem comum nem da blasfêmia do outro; ele compreende que o Budismo, por meio desse único objeto, manifesta muito bem o seu princípio."

- Takuan Soho

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