quinta-feira, 3 de março de 2011

A ordem involuntária gera insatisfação, mãe da desordem, prima da guilhotina. Sociedades autoritárias são como a formação de crostas de gelo intricadas, mecanicamente precisas e, acima de tudo, precárias. Sob a frágil superfície da civilidade, o caos se convulsiona... e há locais onde o gelo é traiçoeiramente fino. A autoridade, quando detecta o caos pela primeira vez em seus calcanhares, fará coisas mais vis para preservar a fachada da ordem... mas, como sempre, ordem sem justiça, sem amor ou liberdade, que não pode deter a queda de seu mundo para o holocausto. A autoridade permite dois papéis: o torturador e o torturado. Ela transforma as pessoas em manequins amorosos que temem e odeiam, enquanto a cultura mergulha no abismo. A autoridade deforma completamente a educação das crianças, zomba de seu amor... O colapso da autoridade permeia o leito, as diretorias, a igreja e a escola. Tudo é mal gerido. A igualdade e a liberdade não são luxos a serem levianamente desprezados. Sem elas, a ordem não pode persistir antes de alcançar grandes profundezas.

V de Vingança - Alan Moore

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